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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Paulllll in Rioooooo

Foram 2h35 de show e nostalgia no Engenhão. Paul McCartney entrou no palco 15 minutos após o horário previsto e manteve o setlist que vem apresentando, como ocorreu no Chile, em 11 de maio. A coletânea que misturou Beatles e The Wings (banda que formou nos anos 70 após a separação dos rapazes de Liverpool) empolgou o público, que retribuiu. O britânico ficou boquiaberto quando, ao entoar “Hey Jude” no piano, viu surgir inúmeros cartazes com a inscrição: “Na”. E o “na-na-na” no fim da música ficou apenas com a plateia e o bumbo da bateria.
No apagar das luzes, Paul ainda mostrou a camisa do Brasil arremessada ao palco, com o número 10 e o nome “Macca”. “Agora sou do time brasileiro, é oficial!”, brincou o músico, antes da chuva de papel picado verde, amarelo, azul e branco.
A apresentação começou às 21h45 com “Hello, Goodbye”, dos Beatles, com Paul ainda vestindo o blazer azul que tirou logo depois que se encerrou a permissão para os fotógrafos profissionais captarem imagens. Nas mãos, o clássico baixo Hofner, e o público. O ex-Beatle desfila um carisma difícil de ser igualado. Na sequência, “Jet”, do The Wings, e a primeira das muitas vezes em que Paul falou português. “Olá, Rio! E aí, cariocas! Boa noite, Brasil!”, gritou, antes de emendar “All My Loving”, para delírio da plateia. A voz marcante teve valiosa ajuda, em diversos momentos, dos backing vocals, com destaque para o gorducho e caricato baterista Abe Laboriel Jr., que espancou sem dó as caixas, surdos e pratos.

Intercalando músicas de sua carreira solo com os clássicos que marcaram a trajetória dos Beatles, e motivaram o público a pagar até R$ 700 por um ingresso, Paul colocou o Engenhão para dançar com “Drive My Car”.

McCartney abusou do português e cumprimentou a plateia: "E aí cariocas"
Foto: Marcos Hermes/Divulgação
McCartney abusou do português e cumprimentou a plateia: "E aí cariocas"
Depois de mais duas canções pós-Beatles – em uma delas (“Let Me Roll It”), o britânico tocou com uma Les Paul customizada, cheia de desenhos, e ainda encerrou com acordes de “Foxy Lady”, de Jimi Hendrix – Paul fingiu que jogaria a guitarra ao público, mas se sentou ao piano. As primeiras notas de “The Long and Winding Road” arrancaram gritos das tietes. Foi uma versão curta, como ocorreu com alguns outros sucessos do quarteto mais famoso do da indústria fonográfica.
Após mais duas músicas do The Wings, Paul voltou aos Beatles com a country “I’ve Just Seen Your Face”, já com um violão. Desta vez, falou em inglês: “É sempre ótimo para nós vir a este lugar, lindo lugar, com lindas pessoas, linda música... Vocês amam música? Nós amamos vocês! Yeah, yeah, yeah”, disse, ao iniciar “And I Love Her”.
Antes da faixa seguinte, “Blackbird”, Paul explicou: “Nos anos 60, tínhamos muitos problemas com os direitos civis. Ouvíamos esses problemas, especialmente as questões pelas quais os negros estavam passando. E escrevi essa música para eles”. Na sequência, uma homenagem a John Lennon: “Essa eu escrevi para o meu amigo John”, limitou-se a dizer Paul antes de cantar “Here Today”, encerrada com “essa foi para você, John”.

Curiosamente, apesar da pitada de política, a música com maior contexto político do show, "Give peace a chance", de John Lennon, não teve qualquer fala de apresentação e se fundiu com "A Day in Life", que pouco se encaixa, não musicalmente, mas neste aspecto. "Give peace a chance" foi composta enquanto o ex-presidente norte-americano Richard Nixon insistia em mandar mais jovens para a guerra no Vietnã, tentava deportar Lennon e Yoko Ono, e concorria à reeleição. A canção virou trilha de um protesto com meio milhão de pessoas em frente à Casa Branca. Foi cantada, no Rio, com o símbolo do movimento "hippie" no telão.

Foto: AP Ampliar
Ex-beatle volta ao Engenhão nesta segunda-feira
Outro momento que empolgou foi “Eleanor Rigby”, com o tecladista Paul Wickens sintetizando em seu Yamaha os violinos para acompanhar o violão e os backing vocals. Na parte final do show, em "Lady Madonna", ele voltou a se escorar na tecnologia. Na ausência de um sax, colocou um quase imperceptível, a não ser nas ampliações no telão, equipamento que pode ser descrito como um apito eletrônico. Na verdade, ali controlava, no sopro, a intensidade do instrumento, e, com as mãos, no teclado, dava as notas do sax virtual.

Na sequência, um tributo a George Harrison, com “Something”: “Essa é um tributo ao meu amigo George”, afirmou, enquanto algumas fotos dos Beatles, e muitas de Harrison, passavam no telão. Depois de “Band On The Run”, “Ob-la-di, Ob-la-da” e “Back in The USSR” fizeram o público dançar e pular, com Paul encerrando em imitação de gritinhos de lobo.
O único solo de guitarra que arriscou foi em “I’ve Got a Feeling”, novamente com uma Les Paul, antes de iniciar a série final só com músicas dos Beatles. De “Paperback Writer” a “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, intercalando petardos como “Helter Skelter” e "Day Tripper" (versão com boa pegada que usou guitarra semi-acústica ao lado de uma Fender Telecaster), foi pura nostalgia.
Em “Hey Jude”, que cantou antes de sair do palco para um rapidíssimo intervalo, os balões coloridos e cartazes de “na-na-na” emocionaram o cantor: "You are very cool, that 'na-na-na' was very nice (Vocês são muito legais. Aquele 'na-na-na' foi muito bom")". Durante o coro de "na-na-na", Paul voltou ao português: "Agora só as mulheres", disse. "Continuem as mulheres", emendou. Em seguida, escorregou, mas não comprometeu: "Agora todos mundos (sic)!".

Outro ponto alto foi o show pirotécnico na empolgante “Live and Let Die”. A potência das labaredas à beira do palco no refrão, além dos fogos de artificício lançados na frente e, em maior escala, nos fundos do palco, impressionaram. O fim, às 0h20, foi com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", chuva de papel picado e uma simples frase: “Até a próxima”. No caso, a próxima será nesta segunda-feira, no mesmo local.
Setlist
1 – Hello, Goodbye
2 – Jet
3 – All My Loving
4 – Letting Go
5 – Drive My Car
6 – Sing The Changes (The fireman song)
7 – Let Me Roll It
8 – The Long and Winding Road
9 – 1985
10 – Let’em In
11 – I’ve Just Seen a Face
12 – And I Love Her
13 – Blackbird
14 – Here Today
15 – Dance Tonight
16 – Mrs. Vandebilt
17 – Eleanor Rigby
18 – Something
19 – Band on The Run
20 – Ob-la-di, Ob-la-da
21 – Back in The USSR
22 – I’ve Got a Feeling
23 – Paperback Writer
24 – A Day in Life/ Give Peace a Chance
25 – Let it Be
26 – Live and Let Die
27 – Hey Jude
Bis
28 – Day Tripper
29 – Lady Madonna
30 – Get Back
Bis
31 – Yesterday
32 – Helter skelter
33 – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
 Fonte Ig

ABSURDOOOO

Acusada de matar o amante, Verônica chega à delegacia no Rio

A região de Niterói, no Rio de Janeiro, está intrigada. Todas as manhãs as bancas de jornal expõem
Acusada de matar o amante, Verônica chega à delegacia no Rio Foto: Paulo Alvadia/O Dia
manchetes sobre o caso da loira que teria matado um empresário no quarto de um motel. Sob a mira das câmeras e dos microfones postos diante da 77ª Delegacia de Polícia Civil, em Icaraí, a delegada Juliana Rattes se debruça sobre laudos e depoimentos para tentar descobrir o que ocorreu na madrugada do último sábado e o que teria motivado Verônica Verone, uma garota de 18 anos, a confessar o assassinato daquele que seria seu amante, Fábio Gabriel Rodrigues, 33 anos. Como ela teria conseguido? O que a teria motivado? São perguntas que permanecem diante de versões que se contradizem e, por vezes, soam fantasiosas.
A loira
Os parentes de Verônica Verone estão blindados. Ninguém fala sobre o que ocorreu ou sobre o comportamento da garota. Colegas da turma 831 do 9º ano da Escola Municipal João Monteiro, onde Verônica estudava, afirmam que a jovem gostava de sair e gostava de festa eletrônica. Descrevem Verônica como uma menina que chamava a atenção de todos por sua beleza.
A jovem morava com a mãe em Itaipuaçu, Maricá, município próximo a Niterói, área metropolitana do Rio de Janeiro. Seu pai morreu em janeiro de 2010. Após a morte, Verônica foi transferida do colégio particular Evolução, de Itaipuaçu, para a escola municipal.
Verônica se apresentou à polícia na segunda-feira, às 12h, após ter tido sua prisão preventiva decretada. Ela havia sido indiciada por homicídio qualificado por motivo fútil e tentativa de ocultação de cadáver. Em depoimento, Verônica confessou ter enforcado o empresário, que estaria desmaiado. Depois, tentou arrastar o corpo da vítima até a garagem do motel, onde estava o carro. Na quarta-feira, o laudo de local solicitado pela polícia não indicava sinais de estrangulamento no corpo de Fábio, demonstrando possível contradição e seu depoimento.
A delegada marcou para sábado a reconstituição do crime. O objetivo é saber se a menina seria capaz de arrastar o corpo do empresário, que tinha 1,90 m, escada abaixo até a porta da garagem, onde foi encontrado, ou se haveria uma terceira pessoa envolvida no crime. As imagens das câmeras de segurança do motel mostram o veículo de Fábio entrando no motel às 2h14 da madrugada de sábado. Um homem estava dirigindo, mas, segundo os policiais, não é possível identificar se era Fábio, pois os vidros da caminhonete são escuros. Às 6h27, o veículo deixa o local com Verônica ao volante.
“Não há evidências que comprovem o envolvimento de uma terceira pessoa, mas não descartamos a hipótese”, afirma a delegada. Juliana Rattes tenta desde segunda-feira, sem sucesso, entrar em contato com um suposto namorado que Verônica declarou ter no Rio de Janeiro.
Mesmo diante da confissão da suspeita, o advogado de Verônica apresentou outra versão. Segundo Rodolfo Thompson, a jovem sofria de síndrome do pânico de alta gravidade e tomava dez medicamentos diariamente. Contrariando a primeira versão, de que a jovem teria reagido a uma tentativa de abuso sexual por parte do empresário, Thompson afirmou que a jovem teve uma alucinação no momento em que Fábio teria tentado tirar a roupa de Verônica. Ela teria contado ao advogado que sofreu uma tentativa de abuso sexual por parte do pai quando tinha entre 7 e 8 anos e que, naquele momento, ela enxergou o empresário como sendo o pai e reagiu violentamente.
O advogado nega que os dois tenham praticado sexo. Segundo Thompson, a relação dos dois era de amizade. Fábio teria ido ao motel com Verônica, pois “se sentiria mais à vontade para beber”. Ele afirma ainda que, antes de ir ao motel, o empresário teria ingerido meio copo de um produto de limpeza. “Ele tomou por conta dele, porque quis. Parece que a mãe (de Verônica) esvaziou uma garrafa de vodka e, na falta da bebida, ele tomou o desinfetante”, afirmou Thompson.
O empresário
A família de Fábio se diz magoada com a versão apresentada pela defesa de Verônica. “Além de difamarem meu tio, insinuando que ele usava drogas, agora querem dizer que ele era louco”, afirma o sobrinho de Fábio. Eduardo Hugo Barroso Costa, 23 anos, se diz próximo ao empresário. “Ele me falava tudo. A gente sempre andava junto. Meu tio saía com ela porque era interessante para ele andar ao lado de uma mulher bonita. Para ela, era interessante sair com ele porque ele tinha dinheiro”, afirma o jovem.
Fábio, que era proprietário de um lava-jato, era o mais novo de cinco irmãos. Deixou dois filhos, um menino de 4 anos e uma menina de 7 anos. O sobrinho descreve o tio como brincalhão. “Ele era uma criança, vivia brincando com todo mundo. Gostava de bater papo, de contar piadas. Nos dávamos muito bem”, afirma.
Rosemary Barroso, uma das irmãs de Fábio, conta que desaprovava o relacionamento com a jovem. “Uma vez, ela foi até a minha casa com ele. Não deixei entrar. O Fábio estava separado, mas ainda não era divorciado”, conta. Segundo Rosemary, seu irmão não estava mais interessado em manter o relacionamento com Verônica. “Ele viu que tinha feito besteira. Estava sentindo falta da família”, afirma. Para Rosemary, a rejeição teria motivado Verônica a cometer o crime: “Ela já havia conseguido provocar a separação dele. Mas quando viu que ele não ia ficar com ela, ela fez o que fez”.
A família conta que a ex-mulher de Fábio está afastada para preservar os filhos. “As crianças sentem falta. Estão com saudades. Não sabem muito bem o que aconteceu ainda”, conta. Segundo ela, a família inteira está chocada. “Eu nem tive tempo de sofrer. Estou ajudando minha mãe. Está sendo muito difícil para ela”, afirma Rosemary.
Eduardo espera que a memória do tio seja preservada. “Um dia os filhos dele vão crescer e podem ver tudo isso que o advogado dela está falando do pai deles e isso não é verdade”, afirma o sobrinho. De acordo com a família, o empresário não usava drogas, mas gostava de beber.
Para Eduardo, o tio aceitou sair com Verônica na sexta-feira porque havia consumido álcool. “Ele já tinha bebido bastante. Ela ligou para ele. Uma mulher bonita daquelas”, afirma.
Rosemary acredita na condenação de Verônica: “Não acho que justiça possa ser feita. Não há o que pague o crime que essa menina cometeu. Mas que fique presa. Isso é pelo menos um alívio”.
A investigação
Para a delegada Juliana Rattes, algumas coisas precisam ser esclarecidas. O laudo de local, que ficou pronto na quarta-feira, indica novas possibilidades, que a delegada prefere não divulgar. Segundo ela, isso atrapalharia a investigação. Juliana ainda aguarda o laudo cadavérico para confirmar a inexistência de estrangulamento, visto que não havia sinais externos no corpo do empresário que indicassem a agressão.
Neste caso, há duas hipóteses: Fábio pode ter sido morto por envenenamento ou ter tido uma overdose. “Isso não descarta o envolvimento de Verônica. Se foi uma overdose, por que ela não chamou socorro, por que tentou levar o corpo?”, indaga.
A delegada duvida também da capacidade da jovem de transportar sozinha o corpo do empresário. Para ela, o envolvimento de uma terceira pessoa é uma possibilidade.
Juliana afirma também que o depoimento da mãe e da irmã de Verônica entram em contradição com os depoimentos da suspeita. “Há alguns momentos em que elas se contradizem. Ainda precisamos analisar melhor”, afirma. Um dos laudos mais importantes da perícia é o exame toxicológico do corpo de Fábio, que ainda não tem previsão para ficar pronto. Ele vai poder dizer o que a vítima ingeriu antes de morrer.
A delegada acredita que concluirá o inquérito em 30 dias, contando a partir do início das investigações. Nesta quinta-feira, a prisão temporário da jovem foi renovada para 25 dias. Verônica aguarda no presídio de Bangu 7.